Preconceitos e Discriminações no meio Evangélico – por Ap. Dr. Thomé Tavares

(*) Thomé Eliziário Tavares Filho

RESUMO

Diz respeito a prática de preconceitos  e de discriminações  vivenciadas  no meio evangélico. O presente estudo considera essas variáveis como constructos multidisciplinares  e multidimensional, levando em conta os seus aspectos culturais, sociais,do gênero sexual ,  políticos e econômicos, comuns em diversas épocas, sendo a intolerância religiosa como a mais abominável em nosso meio. Conceitos como  xenofobia, estereotipia e homofobia são comuns como termos sinônimos do preconceito e da discriminação em nossos dias.

Palavras Chaves:

Preconceito. Discriminação. Intolerância Religiosa.

INTRODUÇÃO

Preconceito é uma variável multidisciplinar que se insere em estudos das Ciências Humanas e Sociais como a Filosofia, Sociologia, Antropologia e Psicologia, e ao mesmo tempo, trata-se de uma abordagem multidimensional quando gerada nos grandes temas comportamentais de natureza cognitiva, motivacional, afetiva, emocional e condutual.

Preconceito é um juízo pré-concebido que se manifesta numa atividade discriminatória. Como uma variável multidisciplinar pode se envolver em questões sócio-culturais, políticas, econômicas, ideológicas, raciais e de gênero sexual.

Alguns termos como xenofobia, estereótipo e homofobia chegam a se configurar como sinônimos do preconceito 

(*) O autor tem formação de graduação em Filosofia, Psicanálise e Teologia; é pós-graduado Lato Senso com Especializações em Filosofia Clínica e Psicopedagogia; é Pós-Graduado Stricto Senso com Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Psicologia Social. 

A história da humanidade é marcada por profundas fendas provocadas pela cultura do preconceito e da discriminação, como o holocausto entre os judeus; o apartheid  na Africa do Sul; o Racismo nos Estados Unidos; a escravatura dos negros africanos no Brasil; o movimento das Cruzadas na Europa; a Guerra do Catolicismo e o Protestantismo na Irlanda do Norte; os  Dalitis  na Índia, uma tribo racial considerada como os inválidos e miseráveis sem os direitos de cidadania e à ascensão social, por um regime radical imposto pelos Shrahmin, a classe dominante.

NO CONTEXTO BÍBLICO ENTRE OS ANTIGOS

A Nação Israelita no contexto de sua história sempre sofreu perseguição política e religiosa, e por diversas vezes, sua Capital Jerusalém foi invadida e destruída pelos Impérios dos Turcos, Ortomanos, pelos Sírios, Babilônicos, Egito e Império Romano, e sua população também por diversas vezes foi levado como escravos para o cativeiro.

NO CONTEXTO NEO-TESTAMENTÁRIO

Em diversas vezes, Jesus fez o contraponto frente ao preconceito e à discriminação em sua época quando preferiu operar curas e milagres no sábado; rompeu as fronteiras da Samaria quando era proibido o acesso dos judeus àquela região; chamou os Escribas e Fariseus de falsos, sepulcros caiado, geração perversa e raça de víboras. Na época, Jesus exortou os seus discípulos a orarem pelos seus perseguidores; a perdoar os seus inimigos e opressores;  a caminhar a segunda milha; e a amar o seu próximo como a si mesmo.

A INTOLERÃNCIA RELIGIOSA EM NOSSOS DIAS

Sabemos que na Indonésia e em outros países Mulçumanos muitos cristãos são sacrificados com espancamentos, apedrejamentos, sendo queimados vivos e decaptados, tal como acontecia com os cristãos no século I na capital de Roma.

Mesmo com a Reforma Protestante de Martinho Lutero, Evangélicos e Protestantes não se aceitam, se discriminam, e as maiores vítimas de ambos os grupos cristãos são aquelas que pertencem a seitas afros, que são demonizadas.

Os Evangélicos também se degladiam entre si, como as Denominações históricas entre os Batistas, Wesleyanos, Presbiterianos, que se divergem entre suas práticas e não interagem de hipótese alguma.

Conservadores, Ortodoxos, Liberais, Renovados, Tradicionais, Avivados, Pentecostais, Neo-Pentecostais são extereotipias e rótulos criados à partir dos preconceitos e discriminações que fazem esses diferentes grupos. O mais esdrúxulo que pode acontecer é a satanização que os evangélicos mais  tradicionais fazem dos crentes pentecostais e neo-pentecostais, promovendo até mesmo a execração pública e exclusão radical de fiéis que não comungam dos mesmos princípios. Ainda hoje se vê muitas brigas na justiça por questões Patrimoniais, de grupos que não se toleram, fazendo tudo isso em Nome de Deus.

 EXPERIENCIAS PESSOAIS

No final dos anos 90, fui perseguido na Convenção Batista do Amazonas por promover uma obra de avivamento na Segunda Igreja Batista de Manaus, tendo que me confrontar com a Ordem dos Pastores Batistas, e com o Conselho de Coordenação e Planejamento daquela Entidade, mesmo me dedicando por mais de 11 anos como Secretário Executivo dessa Convenção, e por diversas vezes desempenhando o cargo de Presidente da Convenção e da Ordem dos Pastores Batistas. Na época para atenuar essa situação constrangedora tive que assinar um documento de acordo com os Líderes dessa Igreja, em que me comprometia a coibir as atitudes de “bater palmas”, de usar expressões verbais tais como “Glória a Deus!”, “Alelúia”, e de “gingar o corpo” em forma de dança;  e em contrapartida  o Grupo dos Crentes Tradicionais que se julgavam fiéis a doutrina Batista,  devolveriam os Dízimos e Ofertas que foram retidas como caixa dois  em retaliação ao movimento Avivalista. Atitudes assim não podem passar na história imune e devem sim ser denunciadas em nome dos Direitos Humanos e da dignidade humana.

O preconceito e a discriminação são produtos de uma personalidade doentia, tão abominada por Deus, e que Ele mesmo nos orienta: destes afasta-te!  II Timóteo 3:1-5.

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